domingo, 22 de agosto de 2010

A mídia do medo '-'


Matei várias crianças quando era menino. A maioria com tiros de espoleta, brincadeiras de mocinho e bandido, possivelmente catárticas e comprovadamente inocentes. Já naquele tempo, o modelo eram os filmes americanos, que nos ensinaram uma infinidade de outras coisas – de beijar e fumar a empunhar uma espada. Como eram outros tempos, com menor, bem menor, quase nenhuma tensão urbana e motivos de sobra para uma despreoupação em relação ao futuro, inclusive o profissional, só excepcionalmente as crianças e os adolescentes das décadas de 40 e 50 se deixavam influenciar por tipos e atitudes mais condenáveis veiculados pelo cinema. [...]

Mudaram as crianças e os adolescentes ou mudou o cinema? Na verdade, mudou tudo. Em casa, na rua e nas telas (no plural porque agora, além do cinema, temos a televisão e os computadores). As famílias perderam a coesão e o poder de aglutinação de antigamente, as cidades estão cada vez mais selvagens e desagragregadoras, a educação caiu a níveis subterrâneos, as perceptivas de trabalho são quase nulas para determinadas faixas da população, e, se a esse conluio de fatores negativos acrescentarmos o consumo de drogas, o quadro estará quase completo. [...]

Quanto ás armas, cuja fácil e farta circulação entre os jovens tanto tem sido expiada nos últimos tempos, há que se resistir á tentação de demonizá-las inultimente. Elas, afinal de contas, são objetos inanimados, cujos gatilhos precisam ser puxados por seres ditos racionais, movidos pelo prazer, pelo medo, pelo ódio, pela ambição ou pela loucura. Claro que facilitar o acesso a elas é um perigo, mas não é menos arriscado superestimá-las. De acordo com uma pesquisa conduzida pelo professor John Lott Jr., da Universidade de Chicago, o percentual de armas em lares americanos pouco cresceu nos últimos 50 anos. O descuido e o laxismo dos pais, sim, devem ter crescido, mas, antes de exigir a proibição de compra e venda de armas, convém lembrar que Eric Harris e Dylan Klebold, os dois adolescentes que mataram 12 colegas e uma professora na Columbine High School de Littleton, também usaram explosivos, e em por isso reinvidou-se que as aulas de química fossem banidas para sempre do currículo escolar. Ademais, para que proibir armas se o cinema e a televisão não se cansam de glorificá-las? [...]

Que a ninguém se iluda, o cinema, a televisão, a mídia e os videogames têm sua parcela de culpa na crescente brutalização da juventude. Qual, exatamente, ninguém sabe ainda. Sabe-se, porém, que a cada hora cinco atos de violência são cometidos no horário nobre da televisão americana. Ao atingir 18 anos, um adolescente americano terá visto 40 mil cenas de assassinato nas telas de cinema e da TV. Não terá sido menor a dieta de truculência de um adolescente brasileiro. Leonad Eron, psicólogo da Universidade de Michigan, que há quatro décadas investiga os efeitos da violência dramatizada no cotidiano de crianças e adolescentes, acredita que a exposição permanente a imagens de truculência é a causa de 10% dos crimes cometido na América – todos catárticos, nenhum inocente. “As crianças aprendem observando”, diz Eron. “ Se o que observam é o violento, é isso que aprenderão.”

Sete anos atrás, uma ganque inglesa torturou e matou uma garota com os mesmos requintes sádicos de uma cena de Briquedo Assassino 3. O escritor Martin Amis saiu em defesa do filme na revista The New Yorker, arqumentando que não sentira a menor vontade de matar alguém após vê-lo em vídeo. Eu também não, pois, a exemplo de Amis, não sou um desequilibrado nem um homicida em potencial – muito menos um adolescente com problemas afetivos mal resolvidos, incapaz de distinguir o real da ficção e de não se deixar corromper pela ideia, destilada até por filmes inteligentes como Pulp Fiction , de que matar e dar tiros, mais que aceitável, é cool, é divertido. Espero que já tenham explicado a Amis que defender a redução da violência gratuita na tela não é censurar, e sim colocar a responsabilidade social acima do lucro fácil e do cinismo. A responsabilidade social e a estética também.

Catártico : relativo á catarse, isto é, a sensação de purificação ou alívio.

Conluio : conspiração, trama.

Expiar : remir ou pagar a culpa, sofrer, purificar.

Laxismo : permimissividade, frouxidão

Truculência : ferocidade, crueldade.

Destilar : deixar cair gota a gota

Livro: Texto e Interação – Atual Editora

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

E o importante ...

E o importante, é que você sempre tem escolha.

encontre ..

Completo *-*

As vezes a gente pode se tornar completo apenas com um abraço sincero
ou por fazer alguém rir!

talvez um dia ...

domingo, 8 de agosto de 2010

Wiii !

Wiii !

Kiss :*

Beijo é o "fósforo aceso na palha seca do amor".